Etapa 30 | Gerês – Ponte de Lima
Que dia fantástico! Com 30 etapas já concluídas e mais de 2000 km percorridos, chegámos a Ponte de Lima.
Como sempre, a partida fez-se cedo, logo que o pequeno almoço foi servido e tomado. Com as energias renovadas, agarrámos nas nossas bicicletas e num traçado inclinado subimos até ao Miradouro da Preguiça, não deixássemos ela tomar conta de nós!
Daqui visitámos mais algumas cascatas, como a da Laja e a de Leonte e atravessámos a Mata da Albergaria, uma floresta mágica que é considerada um dos mais importantes bosques do Parque Nacional da Peneda-Gerês.
Deixámos então a estrada e entrámos pelo estradão da Mata da Albergaria, onde uma descida nos levou até às margens do rio Homem. Passámos pela fonte da Balsada e depois pela Geira Romana (n.18), uma antiga via que servia para atravessar a montanha e que é um percurso único considerado o mais monumental complexo arqueológico romano existente no Parque Nacional da Peneda-Gerês. Actualmente mantém cerca de 30km quase intactos, com pontes, muros e dezenas de marcos milenares, muitos dos quais ainda com inscrições bastante antigas que remontam inclusive ao final do século I d.C..
E como que numa dança lado a lado com o rio, chegámos depois à barragem de Vilarinho das Furnas. Para quem gosta de explorar lugares abandonados repletos em história, este é mesmo um deles, porque por baixo das tranquilas águas desta barragem permanece a vila que lhe deu o nome. De facto, sempre que as quotas da barragem descem, a antiga aldeia espreita matando saudades, deixando no ar a curiosidade de como seria a sua vida no antigamente. A aldeia foi submersa em 1971, terminando assim a sua história que se acredita que teve origem há mais de 2000 anos.
Atravessámos a barragem e seguimos em direcção à Serra Amarela com uma ligeira subida que nos levou à pequena barragem do Ribeiro de Gemesura e depois até ao Miradouro de Brufe. Continuámos a subir até ao Pico da Penacova (817m) e daqui uma longa descida serpenteada entre os vales conduziu-nos uma vez mais até ao encontro do Gerês, a uma típica aldeia de montanha – Germil. Aqui observámos cavalos garranos e vacas em harmonia com uma paisagem única!
Atravessámos algumas pequenas povoações e chegámos até Entre Ambos-os-Rios, uma pacata vila situada numa pequena península formada pelos rios Lima, Tamente e Froufe.
Daqui seguimos ao encontro do rio Lima e pedalámos depois nas suas margens, num traçado rolante e tranquilo pela bonita Ecovia do Rio Lima. Ao longo da Ecovia passámos pela Fonte Santa, uma fonte monumental em cantaria, conhecida pelas suas características terapêuticas. Dizem os antigos que as suas águas nascem a partir de mineral de enxofre e que era, e ainda é, utilizada para curar problemas de pele.
Depois de mais alguns quilómetros, alcançámos finalmente o nosso destino, um fim de etapa que marca a despedida das paisagens mais montanhosas de Portugal.
Ponte de Lima é um lugar curioso e cheio de história, mas também nada mais se poderia esperar daquela que carrega consigo o título da mais antiga vila de Portugal. A sua história começou no tempo dos Reis, mais precisamente em 1125 com D. Teresa, a mãe de D. Afonso Henriques, o primeiro Rei de Portugal, quando a nomeou como Terra da Ponte. A sua ponte, que já nessa época era a sua imagem de “marca”, na verdade actualmente são duas, pois é constituída por dois troços distintos: um medieval, de maior dimensão que se estende até à Igreja de Santo António e um romano, para lá da igreja. Apesar de passar despercebido para os mais distraídos, basta observar com atenção as características entre os arcos que a compõem para perceber que existem de facto algumas diferenças.
O nosso descanso será no InLima Hotel & Spa, um confortável hotel situado no centro da vila. Após 30 etapas percorridas, amanhã voltaremos a encontrar-nos com o maravilhoso Atlântico, onde voltaremos a pedalar lado a lado com a brisa marítima.