Etapa 23 | Freixo de Espada à Cinta – Sendim
Depois de uma noite imersa nas lendas de Freixo de Espada à Cinta, acordámos com um dia enublado, que nos ameaçava dificultar os planos de uma etapa longa e dura.
Começámos a pedalar por estradas secundárias, descendo até encontro do Rio Douro, e acompanhámos o seu leito por uns momentos, com Espanha à vista na outra margem.
Avizinhava-se a dureza da etapa, com trilhos difíceis e muita subida. Assim se faz em Trás os Montes!
Alcançámos Fornos, e de seguida Lagoaça, onde visitámos o magnífico Miradouro da Cruzinha e de onde se avista uma paisagem profundamente transmontana. Lá do alto se avista o Douro descrevendo uma longa curva entre penedias, com a povoação de Salto de Aldeádavila na margem contrária.
Por caminhos e estradões em planalto, rodeados pela flora da região e por nuvens carregadas, fomos descobrindo interessantes formações rochosas, até alcançarmos Bruçó, uma freguesia inovadora que conta com cerca de 150 mil cabras “bombeiro”, e cuja pastorícia promove a limpeza nas zonas de maior potencial risco de incêndio.
Já mais de meio caminho estava percorrido, quando alcançámos Vilarinho dos Galegos, cujo aponta para a proximidade em relação ao país vizinho. A fome já começava a apertar, e parámos para umas tostas mistas n’O Retiro do Judeu.
Mais confortados, e com pressa de fugir da chuva que cada vez mais se avizinhava, continuámos por um lindo caminho cuja paisagem alcançava o início do vale do Douro até Sendim, até chegarmos a Bemposta, e por fim até Sendim.
Pelo caminho pudemos observar um Portugal ainda com costumes e tradições de outros tempos bem vincados, em destaque para a tecelagem e para a Língua Mirandesa, a segunda língua oficial de Portugal.
Ficaremos alojados no Curral de l Tiu Pino, uma belíssima propriedade com uma adega e um museu rural com peças muito interessantes. Já sentimos o ambiente familiar de quem nos recebe em Sendim, e por aqui vamos desfrutar de uma refeição tradicional portuguesa.