Etapa 13 | Serpa – Monsaraz
Acordámos cedo e logo nos preparámos para retomar a estrada. O quente que se faz sentir nas bonitas paisagens alentejanas é o de um típico dia de verão, por isso eram 07h30 e já estávamos a pedalar.
Despedimo-nos de Serpa sabendo que hoje seria um dos dias mais longos do Bike Around Portugal, com mais de 90km, mas que claramente seriamos recompensados pelas belas paisagens e pela tranquilidade de um passeio de bicicleta em família. Este foi um dia pedalado maioritariamente por estrada, por forma a nos deslocarmos mais rápido e assim fugir do calor.
Seguimos em direção à Ribeira de Enxoé, que dá origem à Barragem de Serpa e, cruzando as suas margens pedalámos entre os extensos olivais e algumas pequenas povoações até chegar a Moura. Outrora ocupada pelos Mouros, conta a lenda que a cidade é assim chamada em honra à comovente história de amor da princesa Salúquia. Na altura governadora da cidade, a princesa estava na torre do castelo aguardando a chegada do seu noivo Bráfama, alcaide mouro de Aroche. Ao avistar a chegada de cavaleiros, convencida que seria o seu amado, ordenou que franqueassem as portas da fortificação. No entanto, os cavaleiros eram cristãos e sob as ordens de D. Afonso Henriques, assim que transpuseram a muralha, conquistaram o castelo. Ao aperceber-se do erro cometido e certa de que o seu noivo havia já falecido, atirou-se da torre do castelo em desespero. Terá assim a cidade sido rebatizada para Terra da Moura Salúquia, que com o passar dos anos terá evoluído para Moura. Curiosamente, ainda hoje são vários os traços que ecoam a história da Moura Salúquia, desde o nome de uma das torres de taipa do Castelo, a um olival nas proximidades, ou ainda o próprio brasão da cidade. Sem ordens reais de conquistas, mas com a necessidade de um refresco, avançámos pela cidade e fizemos uma pequena pausa para descanso e refrescos.
Continuámos depois, esta nossa aventura, por estradas sem fim, cruzámos o rio Ardila e já não muito distante, avistámos pela primeira vez a Barragem do Alqueva. Este que é o maior lago artificial da Europa, chega a parecer um verdadeiro mar, quando os nossos olhos se perdem na sua imensidão sem fim de água! A tranquilidade, serenidade e beleza são características que não chegam para descrever este local. Se o seu nome Alqueva por um lado é sinónimo de “alqueive”, que significa terra de pousio ou deserta, onde os solos são secos, hoje a realidade é bem diferente, sendo o Alqueva um lugar de cor e de vida abundante.
Fomos pedalando ao longo dos contornos irregulares deste lago e chegámos até à vila de Mourão. Situada na margem esquerda do rio Guadiana, possui um bonito e imponente castelo rodeado por uma paisagem característica de oliveiras e outras árvores de fruto. Atravessámos a ponte e, após uma dura subida chegámos por fim à bonita vila medieval de Monsaraz. Conquistada aos Mouros em 1167, esta vila sussurra-nos as histórias de outros tempos, onde reis, rainhas, cavaleiros e templários percorriam as suas pequenas e estreitas ruas. Feita de cal e xisto, visitar Monsaraz é, sem dúvida, uma viagem ao mais autêntico e mágico Alentejo! É uma das maravilhas de Portugal, um lugar como poucos no mundo! Nos recantos das suas muralhas é possível encontrar verdadeiras preciosidades de uma povoação acolhedora, onde aqui e ali se esconde o local perfeito para admirar vistas deslumbrantes sobre as planícies alentejanas e sobre o Alqueva. O castelo foi contruído por D. Dinis e está classificado como Monumento Nacional.
O nosso dia termina por aqui e o nosso descanso será na confortável Estalagem de Monsaraz, inserida numa das bonitas ruas da muralha, de onde as vistas sem fim são fenomenais. Amanhã, teremos uma nova etapa nesta magnífica volta a Portugal em bicicleta. Iremos até Vila Viçosa, a “princesa do Alentejo”!